O Museo dei Bambini, MUBA, é um espaço plural
dedicado às crianças, um centro permanente de projetos e atividades culturais e
artísticas para crianças de
todas as idades e um exemplo de boas práticas no panorama museal italiano. A sede
do Museu situa-se no interior do Parque della Rotonda da Besana, um lindo
prédio histórico (uma ex-igreja) com um imenso jardim que a Prefeitura de Milão
concedeu à Fundação MUBA, mediante aluguel, desde 2014. Aliás, é bom lembrar que
Milão foi eleita uma “cidade amiga das crianças” pela Unicef.
Entre tantos atrativos, o que encanta as pessoas no MUBA é a atenção cotidiana às crianças e a
diversidade de projetos, oficinas e outras atividades que são propostas, tanto
de caráter permanente como temporário e/ou pontuais. Por exemplo, no dia que
visitei o MUBA, no feriado da republica italiana, o museu parecia um grande pic-nic, e não havia
mais vagas para as oficinas naquele dia, que eram: Impariamo a fare il pane, "Aprendemos a fazer o pão”, organizada em colaboração com a Opera San
Francesco e a Associazione Panificatori
di Milano.
Crianças brincando e amassando o pão com seus aventais em espaços
adequados e preparados para tal atividade evidencia um evento de
grande valor educativo - inclusive essa oficina foi um bis diante da grande
procura que houve na edição do ano passado. “Didolab” é outra oficina em que as crianças e seu
pais vivem uma experiência de novas sensações e emoções a partir de estímulos sensoriais que promovem
a vivência lúdica de conceitos fora de escala, de imersão, de novos
instrumentos e de alto impacto visual. Um percurso que solicita formas de
brincar conforme os espaços propostos, os materiais e as ferramentas. Uma
proposta acompanhada pela simplicidade de produtos naturais e outras surpresas.
Como exposição-laboratório, Vietato non toccare, “Proibido
não tocar”, é um convite ao brincar com arte, uma mostra-jogo
interativa para crianças de 2 a 6 anos inspirada no trabalho do artista e
designer italiano Bruno Munari. Realizada pelo MUBA e Associazione
Bruno Munari, também se oferece uma proposta formativa dedicada aos
adultos. Vale ressaltar que durante as visitas de crianças e seus responsáveis,
outros adultos precisam aguardar a sua vez para conhecer a proposta, cuja
visita, que também pode ser agendada, acontece apenas
com acompanhamento da equipe. Do livro Bruno Munari, compartilho as
palavras de V. Sgarbi: “Poeta dos objetos insignificantes, arquiteto do nada,
Bruno Munari conhece como ninguém o alto valor do jogo, o prazer infantil da
concentração e da seriedade. Tudo se aprende melhor quando parece sem
finalidade, puro divertimento, e não só intelectual mas também manual (…) Tudo
é simples, atraente e espirituoso. Tudo é para todos, e mais ainda, para as
crianças.”
Não poderia deixar de
mencionar a oficina Radio MUBA, uma proposta radiofônica em que as crianças
aprendem “a fazer rádio” com profissionais da RAI Radio 2. O rádio é considerado um instrumento
de educação não formal cada vez mais presente também em projetos escolares, e
essa oficina de aprendizagem radiofônica objetiva desenvolver uma série de
competências comunicativas, cognitivas, afetivas, e sociais. Nessa proposta, as
crianças descobrem os mecanismos que estão na base da comunicação radiofônica,
inventando-se como radialistas, jornalistas e produtores realizando seus
próprios programas. Aqui o viés da mídia-educação evidencia o sentido da
proposta, que também ecoa nos programas feitos pelas
crianças da Radio MUBA, a “Rádio das Crianças” ou uma “Rádio grande feita por
pequenos”, como se pode ouvir nas vozes infantis.
Enfim, na diversidade de oficinas oferecidas pelo MUBA, outra proposta que também chama
atenção é o Campus Estivi, um “acampamento” de verão. Durante as férias
escolares, o museu propõe às crianças uma semana de jogos, instalações interativas e todas
as atividades previstas no calendário do museu, além do parque. Organizado a
cada ano, a atividade conta com uma equipe de educadores que adaptam as
atividades cotidianamente, conforme as características dos participantes: “Com
base nas suas exigências, os dias são estruturados sempre de maneira diferente,
para garantir a máxima liberdade expressiva e criativa dos pequenos que
participam daquele dia no museu”.
E para quem não resiste a dar uma espiada nos livros, a livraria interna
do Museu é mais um pequeno deleite para finalizar a visita, que além do brilho
no olhar, leva a certeza do respeito às crianças e aquela inspiração tão própria
das coisas simples e belas!
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