domingo, 28 de abril de 2013

O espaço do blog na formação





Na perspectiva da mídia-educação, que envolve a dimensão de “fazer/pensar” educação sobre/para, com e através dos meios, afirmamos as mídias e suas tecnologias para além de instrumentos, como cultura. Afinal, os instrumentos podem ou não serem utilizados na educação, e de qualquer forma estarão sempre sobre o “nosso controle” e "nossa intencionalidade".  Entender as mídias e tecnologias como cultura implica pensar que são mais que instrumentos, que fazem parte de nossa vida e que atravessam nossas escolhas e as formas com que construímos relações e produzimos conhecimentos.

Nessa perspectiva, podemos pensar os blogs como um canal próprio de interação, informação e discussão, e para além de uma alternativa de comunicação, podemos imaginar que seja também um importante meio para a formação. Continua crescente o uso e a criação de blogs que adentram projetos e escolas como mais uma ferramenta para registro, produção e divulgação de conhecimentos e informações as mais diversas. E parece que na mesma medida em que os blogs são criados na educação, também são abandonados, e isso ocorre por diversos motivos: seja porque o projeto acabou, a turma se desfez ou até mesmo porque não é fácil manter um blog atualizado!

Obviamente existem muitos tipos de blog, institucionais, profissionais ou pessoais, com temas e conteúdos que envolvem uma diversidade de estilos, desde diários, notícias, comentários, idéias, fotografias, até o que a imaginação do autor permitir. E a relativa facilidade e agilidade para publicar conteúdos que dispensam o conhecimento de linguagens de programação específica, como a HTML, ainda possibilita a troca através de comentários, que na maioria das vezes não são proporcionais à leitura feita. Muitos lêem, mas poucos comentam...

Da mesma forma que no mundo corporativo os executivos têm seus próprios blogs e no mundo do jornalismo os jornalistas, críticos e comentaristas possuem o seu canal próprio de informação e discussão, há algum tempo os educadores começaram a se sentir encorajados (e/ou contagiados) em adotar esse espaço como um potencial para a formação descentralizada e compartilhada. São os chamados blogs educativos, que além de opiniões e comentários configuram-se quase como um mini-portal, reunindo links e vídeos que também podem ser entendidos como fonte de pesquisa. Há também professores do ensino fundamental que utilizam o blog como forma de registro diário para comunicação com a família, e nesse caso, geralmente são fechados e direcionados, pois publicam fotos, desenhos e vídeos produzidos pelos alunos.

No entanto, ao pensar o blog em seu potencial formativo não podemos deixar de discutir sobre certos limites que eles trazem, para além do fato de “sentir refém” da continuidade e atualização. Ao permitir e publicar comentários críticos, temos a possibilidade de viver outros papéis no processo de autoria, comunicação e participação que fazem parte da formação. E isso implica também a necessidade de mediações.

Mas esse “lugar comum” descrito acima, se deve a uma provocação que me fez pensar no momento de avaliação de uma oficina sobre blog, parte do plano de ensino da disciplina Educação e Comunicação, ministrada no curso de Pedagogia: “Será que vale criar um blog com fim em si mesmo”?

A pergunta “para quê criar um blog”? não foi diretamente feita nem respondida no momento da oficina. Talvez estivesse subentendida pela leitura do texto Reflexão entre professores em blogs: passos para novas educações, de Adriane Lizbehd Halmann e Maria Helena Silveira Bonilla, e pela aceitação do grupo no momento de apresentação do plano de ensino.  

No entanto, apesar da aparente positividade da oficina aos olhares das estudantes, a pergunta continua como lição a posteriori: para quê aprender sobre e/ou criar um blog num curso de formação de professores?