quinta-feira, 14 de julho de 2016

Estilos de Aprendizagem em questão

No VII Congresso Mundial de Estilos Aprendizagem que aconteceu em Bragança, Portugal, nos dias 4 a 6/7/2016, diversos temas ancoraram as discussões do evento: Estilos de Aprendizagem e Estilos de Ensino, Tecnologias de Informação e Comunicação; Estilos de Aprendizagem e Espaços Virtuais de Educação; Estilos de Aprendizagem, Inovação e Liderança.

Num primeiro momento, ao discutir os horizontes e as perspectivas a respeito dos  Estilos de Aprendizagem, a ênfase nas críticas dos neurocientistas de abordagem anglo-saxão. Para Domingo Galego e Catalina Alonso, da UNED/Espanha, tais argumentos críticos se referem a outro tipo de classificação, algo mais geral, e não a respeito da metodologia com a qual trabalham, que classifica os estilos de aprendizagem: reflexivo, ativo, teórico, pragmático.  Eles rebatem a crítica de que “a produção científica é insuficiente” com o argumento de que há muitos estudos a respeito, mas que foram publicados em outros idiomas e que grande parte dos pesquisadores anglo-saxões não lê produções que não sejam na língua inglesa. Para eles, os estudos reforçam que o argumento principal reside na importância de compreender os estilos de aprendizagem dos alunos para adequar os métodos de ensino de acordo com tais preferências. No entanto, essa questão é muito complexa e nada como um evento acadêmico para tal discussão, ainda que por vezes na contra-mão da tendência dominante.

Na apresentação do trabalho, foi possível ponderar outros argumentos a partir de uma pesquisa desenvolvida sobre episódios de aprendizagem situados, fundamentada em outra perspectiva, que prefere pensar em estratégias de aprendizagem e que entende que tais estilos dependem sempre do contexto e da diversidade de propostas para que possam ser colocados em jogo. Diante da complexidade que envolve tal discussão, consideramos importante ponderar que, apesar de cada um ter seu próprio estilo de aprendizagem, categorizar os diferentes estilos individuais a partir de estilos gerais pode até ajudar a entender melhor  o processo, e ainda que isso não corresponda ao processo de aprendizagem descrito por renomados neurocientistas que estudam os processos de aprendizagem, tal perspectiva pode contribuir para diversificar as escolhas didáticas. Nesse tensionamento, reforçamos o argumento anterior  de que os jeitos de aprender se manifestam ou se constroem sempre a partir das situações propostas, seja no campo da didática e sua especificidade escolar e particularmente no caso das metodologias adotadas (no caso específico os EAS), seja nos mais diversos contextos de aprendizagem informal e a partir da diversidades da cultura mais ampla. 

“A experiência do conhecimento em rede e a afirmação da liberdade intelectual na globalização” foi a conferência do Prof. Paulo Dias, Reitor da UAB/Lisboa. Dispensável falar do carisma do professor que lindamente foi tecendo os fios de seu argumento: aprender em rede, construir redes de conhecimento, valorizar a diversidade, afirmar a liberdade intelectual na globalização. Entre tantas preciosidades encadeadas numa discussão epistemológica e política, destaco: a importância da literacia para afirmar as diversas formas de participação em rede e as ecologias da aprendizagem como um meio para construir a liberdade como possibilidade de afirmação do sujeito em rede; e a ênfase no papel da escola e na inovação pedagógica para conduzir as mudanças necessárias tanto nos contextos de aprendizagem como nos contextos mais amplos.


Em diversas mesas temáticas houve a participação de colegas brasileiros, entre eles, Marco Silva e Edmea Santos, ambos da UERJ. Em mesas diferentes, eles discutiram “A pedagogia da transmissão e a sala de aula interativa” e “Pesquisa-formação na cibercultura”, sempre provocando o pensar e instigando a discussão a respeito das questões que nos mobilizam e da complexidade do contexto em que estamos vivendo.


Interessante observar que em geral, na programação dos eventos científicos e acadêmicos europeus, sempre há momentos de confraternização, como boas-vindas e jantares sociais. E nesse evento não foi diferente. O jantar de boas-vindas no jardim do Castelo de Bragança foi muito especial e revelou toda a hospitalidade das pessoas do lugar. Uma atmosfera com a luz do fim do dia iluminando a paisagem do Douro embalada por música e dança dos mascarados deu outro tempero aos sabores locais. A interação com os pares propiciou encontros e trocas de pesquisa, entre outras dicas de viagem. No muro do castelo uma placa sinalizava a passagem do caminho de Santiago.   


E no jantar social de quase encerramento, além das delícias típicas, o prazer de estar em boa companhia planejando o  próximo encontro e o jogo de Portugal no dia seguinte. Que aliás, tive a sorte de assistir na Praça dos Aliados, em Porto... Um belo e inusitado fechamento do evento!!

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