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domingo, 23 de outubro de 2011

20 anos de GT Educação e Comunicação na ANPED


Mesmo 20 dias após a 34ª Reunião anual da ANPED, realizada nos dias 2 a 5/10/2011 no Centro de Convenções de Natal,  RN, vale registrar algumas impressões sobre os trabalhos alusivos aos 20 anos de GT. Momento programado desde a reunião passada, a apresentação dos trabalhos encomendados foi coordenado por Nelson Pretto, que chamou atenção sobre certos embates conceituais na miríade de concepções teóricas e de objetos de estudos presentes no grupo desde 1992.

Como exercício de síntese muito particular, compartilho alguns fragmentos e falas:

Rosa B. Fischer falou sobre alguns “Rastros de um passado nem tão remoto: mídias audiovisuais em 20 anos de pesquisa”. Se fazer história é sempre narrar o presente (Nietzsche e Foucault) e a memória é um modo de operar sobre os registros, Rosa buscou trazer alguns acontecimentos mais que fatos. Nas ausências e silêncios as escolhas são movimentos.
Ela destaca 5 rastros que têm marcado a produção no GT:
1.Espectador ativo: estudos de imagens e criação do GT, ênfase no papel do sujeito ativo e nos estudos de recepção
2.Teoria crítica e seus entornos: suspeita da possibilidade do “sujeito ativo”
3.Análise dos discursos midiáticos: produção audiovisual fora dos estudos da imagem
4.Linguagem, imagem e memória: por uma estética do olhar?
5. GT como objeto de estudo: a necessidade de se olhar
Entre 140 trabalhos analisados e mais de 50 resumos, os estudos da imagem ganham densidade ao se debruçar sobre estudos do cinema e da fotografia. Em cheque, as fragilidades metodológicas e nessa visibilidade de superfície emerge o teórico-empírico que fortalece a pesquisa. Como desafio, abandonar a repetição e criar, criar também a partir de uma “infidelidade”.

Guaracira Gouveia abordou “As mídias impressas nas pesquisas em educação e comunicação”. Com uma narrativa da produção do artigo, ela pergunta “o que é considerado mídia impressa hoje?” Uma vez que nessa classificação cabe desde HQ, livro e fotografia até jornais e revistas, ela analisou em torno de 259 trabalhos.
Ao buscar intencionalidades e marcadores empíricos, evidenciou 2 focos: linguagem e produção de sentido. Seu olhar sobre os trabalhos traz um alerta “não estamos mais estranhando, estamos repetindo”.

Maria Helena Bonilla, por sua vez, falou sobre “A presença da cultura digital no GT Educação e Comunicação da ANPED”. Entendendo a cultura digital não apenas como uso, enfatiza os processos e seus entornos no fluxo da informação, os dispositivos e as redes. Num percurso que vai da informática educacional às tecnologias digitais, Bonilla chamou a atenção sobre o movimento do GT e o movimento da sociedade. Com análise de 47 trabalhos e sua categorização, construiu um grande mapa destacando as categorias: formação de professores,TIC na escola, Jovens e as linguagens das TIC como tendências de pesquisa que vão chegando inicialmente de forma dispersa mas que depois se consolidam incorporando a cultura digital.
Como lacuna de pesquisa evidenciou a inclusão digital, as licenças abertas, o software livre e os direitos autorais, “questões que estão pegando fogo na sociedade e que nós, pesquisadores não estamos discutindo isso no GT”.
Entre filiações e tendências diversas, destacou que as bases metodológicas são da pesquisa qualitativa e que a etnografia virtual ainda aparece só como objeto. Na bricolagem de autores, a diversidade de enfoques teórico-metodológicos convive sem grandes divergências. E como necessidade, a demanda de interlocução entre as políticas públicas e a produção na área.

Para finalizar, Marco Silva falou sobre  “EAD e EOL no GT 16”. Com um mapeamento de 34 trabalhos, destacou fatores, categorias e teorizações presentes nos cenários da EOL e EAD, e o papel das interfaces e redes sociais.
Entre análises críticas evidenciou os AVA subutilizados e a falta da mediação docente na EAD. Como “achado” destacou que “sem mediação docente não há educação”. Elementar meu caro Marco.
 
Após esse breve panorama da história do GT, como introdução ao debate após tantos anos de Caxambu, Nelson provocou: “Por que não um GT Ponta Negra?”, 


e destacou a necessidade urgente de a educação enfrentar a discussão sobre o direito autoral, a TV Estatal e Pública, a Inclusão Digital e a Banda Larga, as Políticas Públicas, e a  “governança da internet e os interesses do mercado financeiro”.

Ele também chamou a atenção para a concentração de pesquisas da região  sul/sudeste como excessiva concentração de poder dessas regiões e o imaginário que está sendo passado de que só se produz ciência no eixo RJ-SP “a não ser algo bombachesco do RS e cajuístico do NO”.
 
Por fim, o protesto contra o retrocesso do MINC em relação à lei Rouanet, aos Pontos de Cultura e à Lei do Direito Autoral.

E o que isso tudo interpela aos participantes do GT Educação e Comunicação e suas pesquisas nos passados e próximos 20 anos?

  

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Educação, pesquisa e música na formação de professores


“Educação no Brasil: o balanço de uma década”. Este foi o tema da 33ª Reunião Anual da ANPED, nos dias 17 a 20/10/2010, em Caxambu. Entre GT, Reuniões e Sessões Especiais, apresentei a pesquisa “Os usos dos meios, os consumos culturais e a formação de professores para a mídia-educação”, desenvolvida em parceria com Prof. Pier Cesare Rivoltella, CREMIT, da Università Cattolica del Sacro Cuore, de Milão. Esta pesquisa, que também foi apresentada no III Seminário de Pesquisa em Mídia-Educação, na UFSC em setembro de 2010, pretendeu fazer um mapeamento dos consumos culturais dos professores de algumas escolas de Florianópolis e Milão e investigar os usos das mídias e tecnologias no âmbito pessoal e profissional, identificando boas práticas e dificuldades a fim de pensar em pistas para a formação de professores.

De um modo geral, é possível dizer que as representações dos professores a respeito das TIC aparecem como saber, comunicação e velocidade, e que há certa horizontalidade entre os usos das mídias nos contextos pesquisados, revelando certa distância entre o alto uso das tecnologias no plano individual e o pouco uso no âmbito profissional.

Entre tantas questões, aproximações e distanciamentos sobre as práticas pedagógicas nos diferentes contextos socioculturais culturais, um dado que chama a atenção do contexto local, mas que também podemos pensar em termos de Brasil, é a respeito da música e de sua presença na vida das pessoas em geral, e de professores em particular. Os dados da pesquisa indicam que no tempo livre e nos consumos culturais dos professores que participaram da pesquisa em Florianópolis, cerca de 70% preferem realizar alguma atividade relacionada com a música, enquanto 45% dos professores italianos que participaram da pesquisa se referem à música como atividade preferida.

Por coincidência, no mesmo dia da apresentação do trabalho, 20/10/10, o Jornal FSP publicou matéria a respeito de uma pesquisa feita em São Paulo a respeito do que mais representa a cultura brasileira, e a música aparece com 13%, seguido pelo carnaval (12%), e futebol (10%). Além disso, entre os hábitos culturais dos paulistas e as atividades que costumam realizar, ouvir música aparece como a atividade mais citada. Que a música brasileira é altamente reconhecida por sua beleza e diversidade é algo escrito e cantado aos quatro cantos, mas como representação de identidades e da cultura brasileira, sua aproximação com preferências em contextos tão singulares não deixa de ser instigante, ainda mais se considerarmos as especificidades das pesquisas acima.

Assim, embalada por esses dados, na volta da Anped participei de uma Oficina sobre Música e Mídia, na 9ª SEPEX (Semana de Pesquisa e Extensão) na UFSC, discutindo a importância da música na formação de crianças, jovens e professores. Esta atividade desenvolvida com professores e estudantes de licenciaturas cantando e dançando em sala de aula não só evidenciou as inúmeras possibilidades de pensar os repertórios e a formação cultural, como trouxe imagens de música e dança para além dos GT da Anped, em que estudantes, professores e pesquisadores durante do dia, dançavam livres, leves e soltos nas noites de Caxambu...


Foto: caxambu7_coisinhas-ana-blogspot