sábado, 21 de abril de 2012

Cinema, crianças e educação na feira do livro


A ideia inicial era participar de um bate-papo informal com professores na Feira do Livro de Joinville sobre o livro Crianças, cinema e educação: além do arco-íris. No entanto, tal idéia se transformou numa palestra sobre o mesmo para um público de cerca de 300 professores, com a apresentação de Solange Coral e a mediação de Roselete Aviz de Souza, que também relatou experiências de produção de audiovisual com crianças e adolescentes.

Nessa palestra/bate-papo ficaram evidentes as diferentes possibilidades de pensar o cinema:  como arte, cultura e educação. Educação que pode ser entendida como formação, transformação e auto-formação, onde as experiências  de leitor, espectador, intérprete e “co-autor” de livros e filmes pode se transformar em práticas educativas e culturais de professores e pesquisadores.

 O cinema na escola se justifica por ser  um cruzamento de práticas sociais diversas, por ser instrumento de difusão do patrimônio cultural da humanidade, por ser documento da história e pela possibilidade de educar para e com o cinema, diz Rivoltella. Com os filmes, temos a possibilidade de interagir com diferentes culturas, representações e imaginários e ter um repertório comum a partir desse  ambiente simbólico que envolve emoção, atividade cognitiva e investimento psicológico.

Se alguns filmes se colocam ao lado de outras produções da ciência, da arte e da literatura, certos filmes tem o poder de restituir o visível da realidade sociocultural no momento em que a história está se construindo.  Por tudo isso, podemos entender o cinema como instrumento de aprendizagem e objeto de conhecimento e enfatizar a possibilidade de educar para e com o cinema.  

No entanto, na maioria das vezes, os usos do cinema e dos filmes na escola nem sempre seguem tal perspectiva. Sendo uma das mídias mais utilizadas por professores em suas aulas, seja para enriquecer ou  ilustrar conteúdos, seja para instigar a temática de certos projetos, ainda é muito evidente o uso de filmes como “substituição”, sobretudo quando falta professores.  E o significado de tal prática pode ser problematizado diante de todo o potencial que os filmes trazem para a educação.

Na perspectiva dos novos letramentos, o cinema se transforma numa bela possibilidade de trabalhar os códigos da linguagem audiovisual  e suas produções de sentido  na esfera visual  (luz, cor, campo, planos; movimento dos personagens e das máquinas; cenografia; efeitos especiais; escrita; montagem) e na esfera auditiva (sons, falas, diálogos; ruídos, música) junto com os demais  tipos de representação: escrita, visual, musical, etc.




Pensar o cinema na prática pedagógica  implica em pensar num planejamento da atividade que envolve o cenário da exibição, critérios de escolha e adequação dos filmes, informações sobre a contextualização da obra (filme e diretor) para provocar curiosidades,  momento da exibição/ fruição/ apreciação, e dependendo da intencionalidade educativa, é possível aprofundar as primeiras impressões através de possíveis análises e interpretações e de possíveis percursos de produção, situando o que é/pode ser um filme para os alunos e para o professor.

Nesse sentido,  o percurso didático para trabalhar com cinema na escola na perspectiva da mídia-educação, no livro Crianças, cinema e educação: além do arco-íris, pode ser um ponto de partida.

Afinal, são muitas as possibilidades de pensar um cinema que educa, sobretudo quando ele  emociona, diverte, transforma e faz pensar .

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