domingo, 25 de setembro de 2011

Primavera de ideias


Cada estação tem a sua beleza e embora elas se manifestem em períodos do ano específicos, não é raro vivermos as 4 estações num momento, dia, mês ou de várias outras maneiras.

Simbolicamente, este setembro está marcando um momento muito fértil de ideias, encontros e parceiras que florescem de diversas formas. O mês começou com a participação no XXIV Congresso da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, INTERCOM, que aconteceu nos dias 2 a 6/09, em Recife, tendo como tema “Quem tem medo da pesquisa empírica”, onde apresentamos um trabalho sobre telejornalismo e crianças

Na conferencia de abertura “O novo ecossistema midiático torna a pesquisa mais importante que nunca”, Rosenthal Calmon Alves, destacou que o momento em que estamos vivendo é considerado tão revolucionário como raramente se viu nas diversas passagens e transformações da história da humanidade. Nessas rupturas que estamos vivendo a partir da cultura digital, é comum sentirmos dúvidas sobre os riscos que tais mudanças promovem na passagem do analógico ao digital. Embora o foco da atenção de Alves tenha sido o jornalismo, ele enfatizou a possibilidade de entender este momento histórico e as tecnologias digitais como um processo de mediamorphosis  (descrito por Fidler)  ou como mediacide   para se referir à morte da mídia industrial e surgimento de outra lógica comunicacional.

Embora saibamos que os  processos de transformação não ocorrem apenas pela lógica da substituição, o novo ecossistema comunicacional interpela aos que atuam na educação  de diferentes maneiras, pois diante de tantas transformações que estão acontecendo em nossa volta, parece ser difícil continuar a ensinar/aprender apenas da forma como fazíamos antes. Entre entusiasmo/utopia e resistências/reticências, ficamos, provisoriamente, com a dúvida. Mas uma dúvida que mobiliza, inquieta e desafia, não a que paralisa...

Dúvida que também faz sentir que nossas questões podem ser tão pequenas diante da grandiosidade de certas obras de arte, como a do escultor e artista plástico Francisco Brennand  e seu espaço de criação e exposição com mais de 3000 peças. 

Ali, as esculturas a céu aberto integradas à natureza do lugar, juntamente com desenhos e pinturas que instigam nosso olhar, conhecer e conversar com o artista foi uma dessas raras ocasiões que a vida nos presenteia e faz lembrar o valor da sensibilidade, da poesia e da sabedoria que mistura histórias de vida com literatura e arte.


Outro momento de encontros e inspiração foi no XV Encontro Internacional da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, SOCINE, nos dias 20 a 23/09/11, no Rio de Janeiro, com o tema Imaginários Invisíveis. Pensar a relação entre cinema e educação a partir do pré e pós cinema pode ser muito instigante, ainda mais quando permite circular por outras possibilidades para entender os imaginários do cinema como espaço de transformação; performances de imersão diante de imagens cinematográficas que se desdobram em várias mídias, na relação entre cinema e arte, de André Parente; no ser invisível que se pode vislumbrar nas paisagens afetivas de Denílson Lopes; nas narrativas transmidiáticas que redefinem as formas de audiovisual e o papel do espectador, de Arlindo Machado; nos encontros com livros inusitados que nos captam, como o organizado por José Gatti e Fernando M. Penteado, Masculinidades teoria, crítica e artes ; e nas redes diversas entre pessoas e projetos que são promovidos a partir de histórias com educação e cinema, como por exemplo a registrada no livro Crianças, Cinema e Educação:além do arco-iris , lançado no respectivo evento.
   
Enfim, compartilhar estudos, projetos e pesquisas com pessoas queridas é um belo começo de primavera que certamente vai inspirar outros encontros geradores de ideias-presentes em cada estação...
 

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