Na perspectiva da mídia-educação, que
envolve a dimensão de “fazer/pensar” educação sobre/para, com e através dos
meios, afirmamos as mídias e suas tecnologias para além de instrumentos, como cultura. Afinal, os instrumentos
podem ou não serem utilizados na educação, e de qualquer forma estarão sempre
sobre o “nosso controle” e "nossa intencionalidade". Entender as mídias e tecnologias como cultura implica pensar que são
mais que instrumentos, que fazem parte de nossa vida e que atravessam nossas
escolhas e as formas com que construímos relações e produzimos conhecimentos.
Nessa perspectiva, podemos pensar os blogs como um canal próprio de interação, informação
e discussão, e para além de uma alternativa de comunicação, podemos imaginar
que seja também um importante meio para a formação. Continua crescente o uso e a criação de blogs que adentram projetos e escolas
como mais uma ferramenta para registro, produção e divulgação de conhecimentos
e informações as mais diversas. E parece que na mesma medida em que os blogs são
criados na educação, também são abandonados, e isso ocorre por diversos motivos:
seja porque o projeto acabou, a turma se desfez ou até mesmo porque não é fácil
manter um blog atualizado!
Obviamente existem muitos tipos de blog, institucionais,
profissionais ou pessoais, com temas e conteúdos que envolvem uma diversidade
de estilos, desde diários, notícias, comentários, idéias, fotografias, até o que
a imaginação do autor permitir. E a relativa
facilidade e agilidade para publicar conteúdos que dispensam o conhecimento de
linguagens de programação específica, como a HTML, ainda possibilita a troca
através de comentários, que na maioria das vezes não são proporcionais à
leitura feita. Muitos lêem, mas poucos comentam...
Da mesma
forma que no mundo corporativo os executivos têm seus próprios blogs e no mundo
do jornalismo os jornalistas, críticos e comentaristas possuem o seu canal
próprio de informação e discussão, há algum tempo os educadores começaram a se
sentir encorajados (e/ou contagiados) em adotar esse espaço como um potencial para
a formação descentralizada e compartilhada. São os chamados blogs
educativos, que além de opiniões e comentários configuram-se quase como um
mini-portal, reunindo links e vídeos que também podem
ser entendidos como fonte de pesquisa. Há também professores do ensino fundamental que utilizam o
blog como forma de registro diário para comunicação com a família, e nesse
caso, geralmente são fechados e direcionados, pois publicam fotos, desenhos e vídeos
produzidos pelos alunos.
No entanto, ao pensar o blog em seu potencial formativo não podemos
deixar de discutir sobre certos limites que eles trazem, para além do fato de “sentir
refém” da continuidade e atualização. Ao permitir e publicar comentários críticos,
temos a possibilidade de viver outros papéis no processo de autoria,
comunicação e participação que fazem parte da formação. E isso implica também a
necessidade de mediações.
Mas esse “lugar comum” descrito acima, se deve a uma provocação que me
fez pensar no momento de avaliação de uma oficina sobre blog, parte do plano de
ensino da disciplina Educação e Comunicação, ministrada no curso de Pedagogia: “Será
que vale criar um blog com fim em si mesmo”?
A pergunta “para quê criar um blog”? não foi diretamente feita nem
respondida no momento da oficina. Talvez estivesse subentendida pela leitura do
texto Reflexão
entre professores em blogs: passos para novas educações, de Adriane Lizbehd Halmann e Maria Helena Silveira Bonilla, e pela aceitação do grupo no momento de apresentação
do plano de ensino.
No entanto, apesar da aparente positividade da oficina aos olhares das estudantes, a
pergunta continua como lição a posteriori: para
quê aprender sobre e/ou criar um blog num curso de formação de professores?
Imagem: http://kmonadollaraday.wordpress.com/2013/02/13/personal-professional-blogging-what-ive-learned/
6 comentários:
Vou me utilizar do pensamento de Freinet: aprender a criar um blog é estar mais próximo da linguagem do nosso tempo, tão necessária quanto a escrita, a imprensa ou o audiovisual. Construir um blog com um "fim em si mesmo" é parte de um exercício, um processo, tal o esboçar de um texto que logo será engavetado, ou melhor, arquivado no recôndito da memória eletrônica. Ambos, texto e blog, podem ser rasgados ou deletados com a mesma facilidade com que se criou. O produto é efêmero por definição. Mas a aula, o contato, a troca (sim, a comunicação), mesmo sem o "comichão" que fará com que nos comprometamos(seja com o blog ou com qualquer outra coisa)ou saiamos criando, produzindo, atualizando ou monetizando, essa tendo a acreditar que é apenas o começo. E a pergunta que me inquieta é outra e tem a base em uma conversa sobre blogs que certa vez, de passagem, assisti: pq, em meio às diversas possibilidade que a web proporciona hj, também para a escola,acabamos nos prendendo aos prazos, formatos e restrições que quase sempre nos retira a possibilidade de um começo, quem dirá chegar a um fim?
Monica, esse post é provocador, difícil até de comentar, sobretudo, na pressão imposta pelo fluxo de produção e consumo das informações na internet. Um dos autores de um blog coletivo que faço parte, uma vez me disse que sempre quando vai fazer um comentário num blog, desiste, porque no momento em que ele consegue elaborar seu pensamento já há outra postagem mais atual. Porém, a questão que me provoca não é exatamente esta, mas pode servir como introdução.
“Será que vale criar um blog como um fim em si mesmo?”. Às 21:16 desse domingo, acho que não. Entendo que criar um blog como um fim em si mesmo é criar a partir de uma perspectiva reduzida, instrumental. Nesse sentido, perguntar ao google “como se cria um blog” pode ser mais pertinente. Será? Às 21:44 fico um pouco em dúvida, mas não o suficiente para mudar de ideia.
Responder “para quê aprender sobre e/ou criar um blog num curso de formação de professores?” é ainda mais complicado. O texto “Reflexão entre professores em blogs: passos para novas educações” responde a pergunta e arrisco escrever que o texto também reforça a minha ideia. Não vale criar um blog como um fim em si mesmo.
Entendo que criar/atribuir um sentido para um blog é o “X” da questão. Na minha opinião o potencial educativo de um blog é seu poder de integração, mobilização escolar e comunitária. Ele também pode ser uma nova versão do mural de recados da escola, um informativo, classificado, etc. Ao fim da oficina parecia que algo estava faltando, um vazio que faz pensar. O melhor de tudo é o desafio de refletir sobre tudo isso e reconhecer que é preciso fazer mais, aprender com os obstáculos e limitações. Seguir em frente. Obrigado por proporcionar o ponto de partida para que essa hora de reflexão se materializasse, ou melhor, digitalizasse.
A pergunta nos faz refletir sobre os textos discutidos na disciplina de Comunicação e Educação. Nessas discussões vimos que devemos fazer uso da mídia-educativa pensando na formação de uma usuário ativo, crítico e criativo de todas as TIC. Assim essa formação deve considerar as perspectivas da mídia-educativa: crítica (educar sobre os meios), metodológica (educar com os meios) e produtiva (educar através dos meios).
Desta forma, percebo que devemos criar um blog para além de um fim em si mesmo, não devemos percebe-lo como algo meramente instrumental ou nos tornarmos refém dele. podemos educar sobre, com e através do blog em nossas aulas, por exemplo formar um grupo para pais, alunos e professor, em que nesse blog estejam os combinados da aula, temas que podem ser discutidos nas aulas em que os pais e alunos podem sugerir esses temas. Ainda pode ser feito uma exposição dos trabalhos dos alunos,registros do professor relatando semanalmente o cotidiano dos alunos. Outro ponto que deve ser considerado é fazer com que os alunos percebam o blog como um meio cultural e de aprendizagem, percebendo as diferentes linguagens e que pode-se aprender na frente do computador e de todas as outras TIC, desnaturalizando assim, o olhar de que aprender não está restrito ao caderno, livro e lápis ou caneta.
Sendo assim, o blog visto como um meio cultural e de aprendizagem ele vai possibilitar uma comunicação entre a escola e a família, que é um aspecto importante essa interação, mas que muitas vezes se torna algo cansativo e até mesmo encontramos uma relação negativa em que a escola reclama da família e a família por sua vez reclama da escola. Deste modo, por meio do blog educativo podemos construir uma relação que família e escola trabalhem juntas para a formação de um aluno ativo, crítico e criativo.
Portanto, penso que é importante nos cursos de formação de professores trabalhar com a visão cultural, crítica e criativa da mídia-educativa, para desnaturalizar o olhar dos professores, para que estes desnaturalizem também os olhares dos seus alunos e comecem a questionar o que esta imposto.
Com base no texto Reflexão entre professores em blogs e na oficina que tivemos sobre blog, acredito que este se apresenta para o professor como ferramenta que favorece reflexão e criticidade, pois através do blog há troca e discussão de informações e conteúdos. O professor pode utilizar o blog da forma que seus alunos sejam escritores de um blog da turma, onde pode-se comentar e a família pode também ter acesso ao andamento das aulas.Penso que trazer o blog para a sala de aula pode proporcionar aos educandos uma aprendizagem mais significativa, uma vez que ao escrever algo para publicar pode fazer com que o conhecimento faça mais sentido.
O blog pode servir como uma rica ferramenta para se trabalhar na perspectiva da mídia educação. O blog é um espaço que favorece o encontro entre as experiências,a troca de conhecimentos e se caracteriza principalmente como um local digital que permite abordar e conhecer vários pontos de vista dando oportunidade para o surgimento da reflexão, sendo então uma ferramenta para uma educação emancipatória.
Os blogs na sua origem não foram construídos para a educação, contudo num primeiro momento os professores foram utilizando este, a partir das necessidades que foram surgindo dentro do cotidiano escolar, no caso, registrar as vivências e as experiências dos alunos para que os pais e/ou comunidade escolar pudessem ter acesso aquilo que estava sendo desenvolvido em sala, ou em outros casos para que outros educadores (as) pudessem apresentar e/ou trocar experiências com seus pares, e consequentemente pudessem fazer suas possíveis reflexões. Tudo isso foi acontecendo pela forma que o blog possui, onde possibilita estruturar os registros das vivências de forma mais atraente e rápida, pela várias formas de linguagem que também podem ser usada. Desta forma, fica evidente a importância que este tem, no sentido de esta presente dentro de um curso de formação de professores, pois ele vem sendo concebido como uma nova forma de ressignificar as práticas educacionais e por isso se faz necessário aprender a utilizar desta ferramenta.
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