Quem
trabalha com educação sabe que muito antes do início das aulas, diversos
trabalhos fazem parte da vida acadêmica: a preparação das aulas, a continuidade
das atividades de pesquisa, as reuniões intermináveis, as atividades da pós-graduação
que parecem nunca tirar férias...
Nesse
sentido, o ano letivo de 2013 começou antes de fevereiro com orientações, reuniões
de consultoria sobre a pesquisa UCABASC, com avaliações e com a participação em
3 bancas de mestrado que merecem ser compartilhadas.
A
pesquisa sobre Norma culta e ensino: uma
dimensão lingüística possível, realizada por Maria Alice Baptista , no PPGL- UFSC, sob orientação do Prof. Dr. Fábio Lopes Silva . Ela discute as diferentes variedades de usos lingüísticos nos processos de
ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa com alunos dos anos iniciais do Ensino
Fundamental. Sua dissertação traz uma análise sobre diversas atividades de
produção textual realizadas no Laboratório Linguagem e Vida, do CA/UFSC,
confirmando a importância da convivência com diferentes variedades lingüísticas
nas atividades escolares. Na banca, a presença das professoras: Edair M.Görski e
Cristine G. Severo.
Comunicação e Educação:
para uma abordagem política da identidade e diferença na escola, foi a pesquisa desenvolvida por
Julia M. Leal,
no PPGCOM da UFSM, sob orientação da
Profa. Dra. Rosane Rosa . Trata de uma pesquisa sobre os processos de construção de identidade e diferença na escola,
desenvolvida a partir da exibição de um curta-metragem Leonel Pé-de-Vento, no
contexto do Projeto Cultural Vô Venâncio
vai à escola, realizado nas escolas municipais da cidade. A partir dos
pressupostos da Leitura Crítica da Comunicação, a pesquisa reafirma a
importância de mediações críticas a respeito da temática da identidade e
alteridade na práxis midiática e escolar. Na banca, a colega profa Vera Lucia Raddatz.
Do
papel de avaliadora para orientadora, participei também da banca do trabalho Multissensorialidades e aprendizagens: usos
das tecnologias móveis por crianças na escola, pesquisa desenvolvida por
Lyana Thédiga Miranda, sob minha
orientação no PPGE/UFSC. Nessa pesquisa Lyana parte da presença dos
laptops em uma escola participante do PROUCA para investigar de que forma a multissensorialidade
está presente nas aprendizagens e interações entre crianças e tecnologias
móveis. Ela conclui que para haver aprendizagens significativas e dialógicas é necessário ir além de um modelo
único para a inserção das tecnologias na escola. Na banca: P. C. Rivoltella,
Elisa Q. Quartiero, Gilka Girardello e Giovani Pires.
Três
dissertações que tratam de pesquisas sobre temas que transitam pela educação,
lingüística, comunicação e suas interfaces. Nas avaliações, a sutileza de
olhares que atravessam os diferentes campos do conhecimento em diálogo com o
trabalho.
Fazendo
parte desse cenário, um sol de verão escaldante iluminava as universidades e as
salas de aula quase vazias em que ocorreram as defesas. Os motivos desse “quase
vazias” parecem ter sido diferentes. Para além de um calendário de reposição de
aulas em fevereiro (decorrente da greve nas universidades federais em 2012), a
tragédia ocorrida em Santa Maria justificava certa ausência pela dor da perda e
por um luto que ainda terá seu tempo para ser elaborado na universidade e na
cidade. Mas o que justificaria a pouca presença de colegas mestrandos, com
exceção de amigos mais próximos, nas demais defesas?
O
ritual de defesa de um trabalho acadêmico – seja ele TCC, Dissertação ou Tese –
é um momento ímpar de aprendizagem e troca na vida universitária. Não apenas
pela apresentação e socialização de uma pesquisa (suas perguntas iniciais, seus
pressupostos e referenciais teóricos e metodológicos, suas respostas
provisórias) mas também pelos olhares e
modos de argüição de cada professor da banca, seus diferentes pontos de vista
sobre o mesmo trabalho, suas aproximações e seus distanciamentos. É um momento que
pode ser considerado uma verdadeira aula, aula que ainda tem o privilégio de
contar com a participação de outros professores conversando sobre o mesmo tema.
Parece que ainda há um longo caminho
para que grande parte de mestrandos e doutorandos possam ver as defesas desse
jeito...
Imagem:
Corps à corps, G. Fromanger
http://www.cataloguemagazine.com/contemporary-art/magazine/selected-pieces/gerard-fromanger/
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