Com
o objetivo de repensar os desafios da mídia-educação e as trajetórias não
lineares da pesquisa, aconteceu o Seminário Internacional Rethinking Media Education, no dia 22/10/15,
na Università Cattolica del Sacro Cuore, Milão. Foi uma interessante ocasião
para conhecer e discutir algumas experiências desenvolvidas na Finlândia e
problematizar aspectos epistemológicos e práticos da mídia-educação.
A
primeira mesa teve como tema Current
research on Media Education: from school children to senior citizen, com a
participação de Heli Ruokamo e Päivi Rasi, da University of Lapand. Heli apresentou o
Centre of Media Pedagogy e algumas
abordagens teóricas das pesquisas multidisciplinares ali desenvolvidas, com três áreas de pesquisa: mídia e ensino e aprendizagem; mídia e sociedade;
e mídia bem-estar psicológico. Nesse sentido destacou aspectos dos modelos pedagógicos,
práticas e designs de pesquisa. Por sua vez, perguntando “o que precisamos
repensar?”, Päivi iniciou a apresentação da
pesquisa sobre como podemos conhecer as necessidades da mídia-educação no contexto das preferências e necessidades
de cidadãos “seniores”, sobretudo em relação aos usos da mídia digital na terceira
idade e as diferentes abordagens de pesquisa com esse público mais velho.
Aliás, os desafios da comunicação num mundo que envelhece foi tema da RevistaComunicar n. 45 , de julho de 2015. Paivi destacou os usos da internet das
pessoas mais velhas, seus níveis de media literacy e suas competências
digitais, bem como seus interesses e suas motivações. Tendo o comentário de Beat
Weyland (Università di Bolzano-Bressanone) e de Roberto Farnè (Univeristà di
Bologna), a discussão foi muito interessante, ora reafirmando antigos
pressupostos da mídia-educação, ora problematizando-os à luz dos novos
desafios, visto que a mídia-educação está cada vez mais presente em contextos
extra-escolares, em diferentes ambientes, o que também a leva a mudar sua
natureza, e se a mídia muda, a mídia-educação também. Por outro lado, é
importante não perder de vista que quando discutimos as práticas com as novas
tecnologias, o foco é/deve ser as práticas.
Essa
questão teve continuidade na segunda mesa, Epistemologia e Estatuto da Mídia
Educação, com P.C. Rivoltella e P. G. Rossi. Rivoltella retoma os aspectos
ontológicos, metodológicos e físicos da Mídia Educação, enfatizando os
processos da naturalização, da subjetivação e da socialização para
problematizar a condição pos-midiática e repensar o papel da mídia educação no
contexto atual. Por sua vez,
questionando o papel das tecnologias da educação hoje , Rossi problematiza a
didática e pergunta qual a especificidade da tecnologia? Na sequencia, a mesa
sobre as práticas trouxe relatos das
pesquisas desenvolvidas “Mídia Educação e prevenção”, “Mídia Educação, escola e cidadania digital”, e “Percursos didáticos
online e competências digitais”, apresentadas respectivamente por Simona Ferrari, Alessandra Carenzio e Rosaria Pace. Mais uma vez, a discussão foi muito rica e
entre algumas considerações sobre a pesquisa, “ou tornamos as pesquisa não
lineares ou trabalhamos com outros não lineares, pois de outro modo
dificilmente avançaremos essa discussão”.
EAS - Episódios de Aprendizgem Situados
Ainda
em 2013, quando conheci a proposta metodológica Fare didattica con gli EAS, Episódios de Aprendimento Situatti, de
P.C. Rivoltella (2013), me
interessei pela possibilidade de
realizar uma pesquisa a esse respeito em nosso contexto, e pude acompanhar a
formação feita pelo CREMIT com um grupo de professores que começavam a aplicar
a referida metodologia no contexto italiano, configurando uma espécie
de comunidade de práticas. Logo em seguida àquela ocasião, também participei do EAS DAY de
março 2014 e de outubro de 2014 - sempre na Università Cattolica del Sacro Cuore, em Milão-, em que se discutiram diferentes aspectos
daquelas experiências que se iniciavam e que lentamente parecia consolidar
novas práticas. Um ano depois, foi possível perceber o quanto esse trabalho
se ampliou e o EAS DAY de outubro de 2015, com o tema Didattica inclusiva con gli EAS (Rivoltella, 2015), foi uma bela
possibilidade de refletir também sobre alguns dos desafios que encontramos nas
nossas aproximações a essa metodologia em contextos investigativos e formativos da pesquisa que estamos desenvolvendo na UFSC.
Se
na primeira discussão a ênfase era na origem, nos fundamentos e na estrutura
dos EAS e suas relações com o processo de ensino-aprendizagem, planejamento e avaliação,
agora a relação EAS e inclusão começa
revisitando e ampliando o conceito de inclusão a partir da ideia de pessoa,
território e escola.
Vale
destacar que a dinâmica do EAS DAY segue uma interessante organização com
atuação fortemente coletiva, em que uma breve introdução destaca os fundamentos
e ou fragmentos de pesquisa sobre o EAS, seguida pelo momento da apresentação
de diversas experiências com EAS desenvolvidas por professores nos
diferentes níveis de ensino, e o momento
dos workshops com temas relacionados ao contexto da proposta.
Propostas,
experiências e reflexões que se tornam muito inspiradoras para nossos estudos,
práticas e pesquisas em andamento, que em breve esperamos compartilhar, juntamente com mais detalhes da metodologia e dos eventos EAS DAY.
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