segunda-feira, 11 de junho de 2012

Poesia em imagens: uma possibilidade de produção audiovisual



No S. E. Educação, Mídia e Cultura, ministrado no PPGE/UFSC em 2012.1, temos discutido diversos aspectos da mídia-educação no contexto da cultura digital. Com uma proposta metodológica que busca articular o estudo e a reflexão teórica com experiências práticas problematizando certas dimensões do fazer, ao abordar o tema “Linguagem dos meios, produção cultural e artefatos audiovisuais”, no dia 25/4/2012, foi proposta uma inversão do caminho: em vez começar com a discussão do texto, iniciamos a aula com a leitura de uma poesia:

POR UM ACASO - Wislawa Szymborska
Poderia ter acontecido.
Teve que acontecer.
Aconteceu antes. Depois. Mais perto. Mais longe.
Aconteceu, mas não com você.
Você foi salvo pois foi o primeiro.
Você foi salvo pois foi o último.
Porque estava sozinho. Com outros. Na direita. Na esquerda.
Porque chovia. Por causa da sombra.
Por causa do sol.
Você teve sorte, havia uma floresta.
Você teve sorte, não havia árvores.
Você teve sorte, um trilho, um gancho, uma trave, um freio,
um batente, uma curva, um milímetro, um instante.
Você teve sorte, o camelo passou pelo olho da agulha.
Em conseqüência, porque, no entanto, porém.
O que teria acontecido se uma mão, um pé,
a um passo, por um fio
de uma coincidência.
Então você está aí? A salvo, por enquanto, das tormentas em curso?
Um só buraco na rede e você escapou?
Fiquei mudo de surpresa.
Escuta,
como seu coração dispara em mim.

Após a leitura, o trabalho foi organizado em grupo, que tinha a “tarefa” de criar um produto ou uma produção audiovisual para então, após apresentação e socialização, refletirmos sobre alguns aspectos da linguagem.  Ou seja, o grupo deveria negociar as possíveis e diferentes interpretações da poesia, tentar visualizar as emoções que a poesia suscitou, pensar um roteiro básico, captar imagens, editá-las com inclusão de áudio e apresentar a produção final para o grande grupo.
Dessa forma, a idéia era criar e/ou produzir uma produção audiovisual para então refletir a experiência de criar linguagens.  Nessa proposta, a metodologia  do trabalho, estava situada na própria experiência de produção/apreciação/reflexão e foi lindamente compreendida e traduzida, conforme é possível observar em alguns trabalhos abaixo:

Amanda, Rafael e Daniel


 Rodrigo e Fabíola

Elias, Maria Luisa e Karin



Thais e Stela


O trabalho de Suleica, Lyana e Laura não pode ser compartilhado neste momento visto que envolveu a participação de outras pessoas e que não foi possível obter a autorização para sua publicação.

Após o momento de apreciação, apresentação e socialização da experiência, a avaliação destacou a evidência das diferentes formas de interpretação do mesmo texto e o sentido da experiência de fazer e compartilha, como alguns depoimentos demonstram: “Um exercício mental de criação”; “Entrega para algo que não tem capacidade de expressar aquilo que sente”, “O silêncio em si traz um campo de informações”, “A dificuldade de decidir e negociar os interesses no grupo”, “Foi possível observar a metodologia de cada grupo e seus produtos variados”, “Foi difícil mudar a ordem do olhar e fazer reverberar diferentes vozes”, “Gostei de todos os trabalhos. Foi fantástico”, “Trabalho com produção de sentidos, com a própria voz, com a voz do outro”...

Diante dessa pequena amostra, um agradecimento à participação especial de Magda Pischetola, presença fundamental na referida proposta.

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