No
dia 25/5 participei do 5º Congresso Nacional das Escolas Franciscanas, em Santa
Maria, com a temática Educação Franciscana na Comunicação Digital. O
evento reuniu cerca de 500 participantes entre professores e alunos de
diferentes escolas franciscanas, como por exemplo, Brasilia, Dourados, Guaíra e
muitas outras cidades do Rio Grande do
Sul. Na abertura dos trabalhos daquela manhã, a música foi a acolhida criando
um clima de leveza para a continuidade dos trabalhos.
Na conferência Crianças, jovens e
cultura digital: os desafios da mídia-educação a hipótese de trabalho dizia respeito aos cenários da cultura digital, quem são essas crianças e jovens hoje (o que
fazem, sentem e dizem nestes cenário sem que atuam), os usos das mídias e
tecnologias em contextos formais e não formais, os novos modos de aprendizagem e
as possibilidades pedagógicas da web 2.0,
e os desafios da Mídia-educação diante dessa formação de crianças, jovens e professores.
Paulo Freire
dizia que “Educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é
transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a
significação dos significados”. E na
medida em que a mídia vem protagonizando a relação entre as pessoas, na sociedade multitela a necessidade da mediação da educação é
evidente, e se torna uma das tarefas da mídia-educação.
Se estamos
vivendo uma transição entre modelos da comunicação em massa à comunicação em
rede, o atravessamento da mídia no nosso cotidiano modifica as relações entre o
que é considerado público-privado, e os espaços de aprendizagens formal-
informal redimensionam as relações escolares, onde a mídia geralmente aparece como
ferramenta ou recurso didático. Mas se entendermos que a mídia, mais do que
ferramenta é cultura podemos construir outras possibilidades de mediação para pensar a
mídia e fazer mídia na escola e estar mais sintonizados com as práticas
culturais de crianças e jovens.
Nesse sentido,
discutir as diversas formas de participação nos espaços da cultura, as novas
formas de aprendizagem e sociabilidade que as tecnologias digitais propiciam, e
as múltiplas linguagens necessárias para a inserção na cultura digital
significa problematizar os valores, os conhecimentos e as competências que a
escola trabalha em suas diferentes formas e conteúdos.
Considerando
as várias formas que a mídia está presente na escola, seja pela inserção
curricular, seja tema transversal ou por projetos especiais percebemos que não
basta trabalhar com as mídias e tecnologias na escola para fazer mídia-educação.
Em pesquisa sobre o uso dos meios nas escolas verificamos que a presença das
mídias na prática pedagógica ocorre com diversas ênfases: Cinema e filmes (apoio pedagógico, produção
de audiovisuais), TV (comentários críticos), Fotografia (registro, ilustração),
Jornal e mídia impressa (informação, pesquisa, produção de jornal, revista, HQ),
Computador, laptop e tablets (produção de conteúdos e apresentação de
trabalhos), Internet (pesquisa, interação, produção de blog, rádio web), Celular
(permissão/proibição, funções diversas: fotografar, editar, enviar e receber
mensagens, jogar), Jogos eletrônicos (lúdico e educação), Redes sociais
(identidades sociais, possibilidades de troca e comunidades de aprendizagem).
No entanto, o
desafio da mídia-educação é ir além dos usos instrumentais e didáticos, e propiciar
possibilidades de reflexão e produção como forma de expressão e metareflexão. E
diante da cultura digital e dos novos meios, há quem defenda uma redefinição conceitual da mídia-educação no
sentido de uma New Media Education, que pode ser tanto uma “educação aos novos meios” como
uma “nova educação aos meios”.
Na
discussão, os depoimentos dos professores revelaram algumas preocupações que
interpelam a todos que trabalham com educação e que ainda não temos respostas,
apenas aproximações. Aproximações que sinalizam o quanto ainda temos a
construir e o quanto a pesquisa pode nos ajudar nesse sentido.
E para
continuar essa discussão na perspectiva da pesquisa, aproveitando minha ida à
Santa Maria, fui convidada para participar do I EDUCOM, na UFSM, coordenado pela Profa. Dra Rosane Rosa, do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Mídia,
Políticas Públicas e Cidadania (UFSM).
Na programação do evento participei da Mesa Temática Comunicação
e Educação: um olhar sobre práticas e pesquisas na Região Sul, com a
presença da Profa. Dra. Jane Mazzarino (UNIVATES) e Profa. Dra. Lilane D.
Brignol (UFSM) que fez a mediação do debate ( o Prof. Dr. Toni Andre S. Vieira,
do Núcleo de Comunicação e Educação Popular da UFPR justificou sua ausência).
Na minha
contribuição ao debate enfatizei algumas tendências e perspectivas da pesquisa
em mídia-educação, situei o estado da arte das pesquisas em educação e
comunicação em SC, sobretudo nas linhas de pesquisa em educação e comunicação dos
programas de pós-graduação da UFSC e UDESC, e as experiências e práticas de
pesquisa desenvolvidas e em desenvolvimento no Núcleo Infância, Comunicação,Cultura e Arte, NICA, UFCS/CNPq.
Por sua vez, a Profa. Jane Mazzarino trouxe uma “Mirada para compartilhar a perspectiva da educomunicação socioambiental”
abordando questões de uma pesquisa sobre práticas ambientais do ponto de vista do jornalismo e da escola e
articulando aspectos do capital social e do capital comunicacional.
No debate, a importância do “professor
se sentir contemplado na discussão e nas pesquisas e não apenas criticado”,
conforme depoimento dado, evidencia que as parcerias entre universidade e
escolas são fundamentais para construirmos outras possibilidades de pesquisa e
formação.
Parcerias que são ampliadas quando
temos a possibilidade de compartilhar nossas experiências com formação e
pesquisa. Por isso, um agradecimento especial à Irmã Fátima e à Irmã Valderesa (presidente
da Scalifra) e à Profa Rosane (UFSM), pelo convite, pela delicadeza na acolhida
e pelos diálogos e parcerias em devir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário