Nesses
primeiros dois meses de ano letivo pude acompanhar a apresentação de 5 pesquisas desenvolvidas no
campo da educação e comunicação em diversos programas de pós-graduação que
gostaria de compartilhar.
Começando
com Khilá: (des)encontros da voz na
travessia Brasil-Moçambique, Roselete F. de Aviz de Souza analisa a voz como devir buscando
compreendê-la como “presença, silêncio,
escuta, testemunho, transmissão e memória” a partir de Deleuze e Guattari,
Barthes, Derrida, Zunthor, Ngwenya, Noronha e muitos outros. Trabalho profundo
e sensível, o texto poético com estética singular reflete sobre a viagem educação
e formação, foi lindamente orientado por Gilka Girardello no PPGE/UFSC. Sua defesa foi um
acontecimento para o NICA UFSC/CNPq, grupo de pesquisa em que Roselete
participa.
Da
voz para televisão foi a viagem necessária para acompanhar o trabalho de Ana
Gabriela Simões Borges, Televisão e
educação: um estudo sobre o projeto Televisando o futuro na escola, orientado
por Rosa Maria C. Dalla Costa, no PPGE/UFPR . Ao verificar de que forma a televisão está
presente no cotidiano escolar e suas possibilidades de trabalho em sala de aula
a partir do projeto Televisando o Futuro, Ana Gabriela fundamenta sua pesquisa com
Martín-Barbero, Soares, Citelli, Dalla Costa e outros enfatizando a perspectiva
da educomunicação.
De
Curitiba para Maringá, o encontro com Educação
escolar e desenho animado japonês: um estudo o anime Naruto, desenvolvido por
Priscilla Kalinke da Silva e orientado por Fátima Neves, no PPGE/UEM, destaca
um processo de mediação pedagógica a partir da recepção do animê Naruto com
adolescentes de uma escola pública. Com referências mídia-educação e dos
estudos da cultura escolar, o destaque para entender como o animê participa da
construção da cultura escolar também evidencia a relação entre educação e
comunicação na escola.
De
Naruto para O menino Maluquinho, o trabalho Meninos
e Meninas: uma análise do Menino Maluquinho, o
filme, sob o olhar do gênero, de Rosânia Maria S. Bittencourt,
orientado por Giani Rabelo, PPGE/UNESC, tenta compreender o olhar das crianças
sobre as relações de gênero e sexualidade a partir do referido filme. A pesquisa
foi cuidadosamente desenvolvida com crianças e amparada em estudos de Foucault,
Sarmento, Kohan, Fischer, Fantin e
outros confirmando que na contemporaneidade certas “verdades deixam de ser permanentes para se
tornarem temporárias”.
De
Criciúma para Salvador, a discussão sobre criança e cultura continua com a pesquisa
Escola, criança e o mundo encantado das
marcas: desafio docente em (com)texto de sedução publicitária, desenvolvida
por Elizabeth Carvalho Dantas e orientada por Augusto Cesar R. Leiro, no
PPGE/UNEB. Ao pensar o imaginário
infantil povoado por símbolos e marcas da propaganda em uma cultura do consumo,
o trabalho problematiza o discurso publicitário dirigido à criança e discute a
escola como espaço comunicante no contexto da “comunicação mercadológica na
contemporaneidade” a partir de referências dos estudos da publicidade, da
cultura e da mídia-educação .
Evidentemente,
a temática de cada tese e/ou dissertação promoveria uma infindável discussão e
remeteria a muitos outros aspectos que fizeram parte dos desdobramentos de cada
trabalho. Questões e tensões que revelam como a construção do olhar do
pesquisador pode seguir diferentes (des)caminhos e estilos que trazem importantes contribuições para pensar a pesquisa e a formação.
Por
fim, entre tantas marcas que tais percursos deixam e parcerias que consolidam, a certeza de ver como é
lindo aprender não apenas com os trabalhos em si, mas com os diálogos possíveis
e necessários a partir dos diferentes jeitos de avaliá-los e comentá-los. E nesse momento, a pesquisa se veste de
formação...
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