Ao retomar as realizações e
pensar na aberturas de novos possíveis, não poderia deixar de mencionar alguns
eventos acadêmicos que participei e organizei e que foram ocasião de diversos encontros
e reflexões sobre a pesquisa relacionada aos processos de ensino-aprendizagem
de crianças, cultura digital e formação de professores no contemporâneo.
No SEMIEDU 2015, Seminário
de Educação com o tema “Educação e seus sentidos no mundo digital”, realizado na UFMT/Cuiabá, nos dias 16 a
18/11/15, participei de uma mesa redonda
sobre “Cultura digital e subjetividades: infância, juventude e terceira idade”,
juntamente com o Prof. Antonio Zuin (UFSCAR) e Mirza Toschi (UEG), mediada
por Taciana Mirna Sambrano (UFMT). Convidada para refletir sobfre a relação
subjetividade da infância-cultura digital,
como pensar a criança sem fazer referência às relações que as elas estabelecem
com jovens e adultos, para além das culturas de pares? E diante de uma escolha
muito feliz na composiçao da mesa, minha contribuição trouxe alguns pontos que temos
trabalhado nas nossas pesquisas mais recentes para refletir sobre “As múltiplas faces da infância na
contemporaneidade e as práticas e pertencimentos na cultura digital”. Destacamos
algumas passagens sobre as práticas
culturais das crianças ligadas às mídias, tecnologias e sua relação com as suas
aprendizagens e multiletramentos; os dilemas das metodologias de pesquisa com
crianças e a questão da participação,
autoria/agência; e os desafios da mediação, para além da naturalização e
do estranhamento das práticas e culturas
infanto-juvenis. Em seguida, as
reflexões de Zuin sobre “Cultura digital, o professor-criança e o aluno-adulto”
ampliaram os olhares sobre o tornar-se adulto nos dias de hoje. Ao transitar pela tríade disciplina,
concentração e aprendizagem na pedagogia humanista tradicional e moderna para
chegar no contemporâneo discutindo a questão da autoridade pedagógica e
tecnologia, Zuin nos provocou o pensar sobre as transformações radicais das
relações professor-aluno, sobfretudo as desencadeadas pelas redes sociais. Por
sua vez, ao refletir sobre “Solidão desconectada e a inclusão digital na
velhice”, Mirza recuperou Cicero (44 aC) e seus “Diálogos sobre a velhice” para
pensar nos entendimentos e conceitos de velhice hoje, os perfis e formas de
pertencimento, as práticas sociais e culturais, e as fraturas na temporalidade
biológica e digital. As discussões que
foram deseancadeadas no evento foram uma pequena amostra do potencial de tais
considereações, que continuaram nas intervalos e tempos livres usufruidos com
outros colegas que o encontro propiciou na quente Cuiabá.
E por falar em encontros e colegas, como não lembrar do ESUD 2015, XII Congresso
Brasileiro de Ensino Superior a Distância, organizado pela Uneb e realizado em Salvador,
nos dias 30/11 a 3/12/2015, que propiciou outra ocasião de encontro entre
colegas brasileiros e além-mar e discussões as mais variadas sobre cultura
digital e as inovaçoes tecnológicas no contexto da educação superior. Nesse
evento, a Mesa redonda que participei com Edmea Santos (UERJ) e Tel Amiel (Unicamp)
discutiu os “Dispositivos móveis na educação”. Vale destacar a riqueza e a diversidade
da programação, além da beleza inspiradora do lugar e dos encantamentos da cultura
baiana.
Para finalizar o passeio por eventos acadêmicos,
retornamos à ilha de SC com a organização do V Seminário de Pesquisa em
Mídia-Educação e I Seminário Multideas, realizado na UFSC, Florianópolis, nos
dias 9 e 10/12/2015.
Na conferência de abertura do
Seminário, “Neurociência e os Episódios de Aprendizagem Situados”, o Prof. Pier Cesare Rivoltella, da Universidade
Catolica de Milão, esclareceu as diversas abordagens, os entendimentos e mitos
que envolvem a neurociencia apresentando a perspectiva da neurodidática na
dialética da pesqiusa cientifica e na sua relação com os Episódios de
Aprendizagem Situados. No encerramento, Rosa M. Bueno Fischer, da UFRGS,
compartillhou suas memórias e trajetórias de pesquisa sobre imagem e educação.
Em meio a esse tempo-espaço do
evento, aproveitando os últimos sopros de um ano
dificil de terminar, recuperamos o fôlego e apresentamos os resultados parciais
de nossa pesquisa financiada pelo CNPq, “Multiletramentos e aprendizagens
formais e informais: possíveis diálogos entre contextos escolares e culturais”,
como I Seminário Multideas.
Ali apresentamos os contextos e as referências da pesquisa trazendo
atores, práticas e cenários em breves
fragmentos de nossas aproximações e interpretações da metodologia dos Episódios
de Aprendizagem Situados, EAS em diferentes niveis de ensino, bem como em uma
proposta de formação de professores que fez parte da pesquisa. Destacamos o
fato desta investigação envolver outros subprojetos de pesquisa relacionados
ao tema (2 doutorados, 2 mestrados) e a participação da equipe que envolveu as
orientandas Lyana de Miranda, Juliana Muller, Karin Orofino, Gabriela Cavicchioli, Barbara Malcut, Karine Joulie, além da Pesquisa de Iniciação Científica desenvolvida
pela graduanda de Pedagogia Francielly Rosa e do TCC da graduanda Lilian Donel,
que ainda se encontra em fase de conclusão.
A pesquisa de abordagem qualitativa com intervenção didática na escola
envolveu estudos e acompanhamentos de
uma Comunidade de Prática de Professores Italianos em 2014, e em 2015 realizamos
a pesquisa empírica com estudantes de diferentes turmas (2, 5, 6, 8 ano) de
duas escolas públicas de Florianópolis
(CA/UFSC e EBVM) e na formação inicial do Curso de Pedagogia/UFSC. Também foi realizado
um Curso Piloto de Formação com Professores na metodologia EAS envolvendo cerca
de 40 professores -da Rede Pública e da
Rede Marista de Solidadriedade - que também participaram do evento relatando a
experiência com a referida metodologia.
Entre as análises parciais que
compartilhamos e as considerações que
emergiram durante a pesquisa, destacamos o entendimento da metodologia EAS como dispositivo de aprendizagem. Ao articular seus fundamentos e sua estrutura à concepção das multiliteracies consideramos que a referida metodologia pode
assegurar elementos de continuidade entre experiências cotidianas e os âmbitos
educativos/escolares na relação entre aprendizagens formais e informais. Além
de propiciar o desenvolvimento de competências em diversos âmbitos e práticas
de leitura e escrita na pluralidade de linguagens e canais que envolvam experiência
direta com conteúdos, os EAS possibilitam a participação como momento-chave na
aprendizagem. As mediações didáticas também podem promover relações
significativas com as novas mídias e seus artefatos na perspectiva das
multiliteracies. Como inquietação que emerge de tais aproximações desenhando
contornos de uma próxima pesquisa, destaco a relação entre tempo e aprendizagem
na cultura digital, questão que ficará entre as
“melhores intenções” de 2016…